terça-feira, 10 de setembro de 2013

25 - LIVRO TEMPO DE SORTILÉGIO * Na morte de um amigo




Chagall, «A queda de Ícaro»
(Foto Internet, com a devida vénia)




Hoje,


morreu um homem bom. Ficou mais pobre a Vida.

Indiferente à dor e ao luto, o sol de Agosto

requeima ainda mais a minha tez curtida

e deixa-me em cristais de sal o meu desgosto.



Hoje,

apenas o silêncio eu quero por conforto.

Silêncio e nada mais. A noite vem aí,

vestindo devagar este vazio morto

de sombras e pesar. Inútil, fico aqui.



Hoje,

mais uma vez enfrento inerme o desenlace

e tudo em derredor doendo se esboroa.

O efémero é agora a vida sem disfarce:

um Ícaro a sonhar que sobe ao céu e voa!




José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 19/23 de Agosto de 2012.

Poema escrito em memória de João António Potes
(Viana do Alentejo, 19 de Agosto de 2012.)

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