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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

22 - O MEU CANCIONEIRO - 2 * A gula






A contas com seu repasto,

sem pudor nem temperança,

vai o frei enchendo a pança,

que de carne não é casto.



Atento à gula do frade,

diz-lhe el-rei: tende cuidado,

comer tanto é arriscado,

tanto mais na sua idade!



Ah, Senhor, este prazer,

confessa o frei seu pecado,

é nada se comparado

á dor de outro já não ter…



Ah, que prazer sobrevinha!

Que fome me consumia!

E quanto mais eu comia,

Mais era a fome que eu tinha!...



Divertido, olhando o frade,

El-rei, sorrindo, lhe diz:

Que o sabor dessa perdiz

Seja o da vossa saudade!...





José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 21 de Dezembro de 2006.
.
(III - Canções de escárnio e maldizer)

quarta-feira, 11 de março de 2015

22 - O MEU CANCIONEIRO - 2 * Eternidade






Bebendo os silêncios frios

das noites de solidão,

meus medos todos venci-os

abrindo o meu coração.



Abri-o como se fosse

um cofre de pedrarias

e o seu refulgir me trouxe

de novo o sol dos meus dias.



Ah, meu amigo querido,

não há desterro paterno

que à vida altere o sentido 

do nosso amor que é eterno.




José-Augusto de Carvalho
28 de Outubro de 2006
Viana * Évora * Portugal

22 - O MEU CANCIONEIRO - 2 * Da tradição





Dezembro na tradição
do milagre de nascer!...
Anseio em superação
de um mal-estar e mal-ser
da Humanidade em questão.


Se os direitos que são meus
mos recusou o cambista,
porque também os quer seus,
afinal que tempo dista
do tempo dos fariseus?


Eu prefiro, por lição,
a páscoa porque é passagem
do tempo da negação
ao tempo-hoje da coragem
que diz não à sujeição.




José-Augusto de Carvalho
3 de Dezembro de 2006.
Viana * Évora * Portugal

Nota: Este poema não foi incluído, por lapso, na colectânea «O MEU CANCIONEIRO».
Ficará assim em espera de uma reedição da colectânea ou será incluído em uma outra a preparar.

terça-feira, 10 de março de 2015

22 - O MEU CANCIONEIRO - 2 * A inútil porfia







Se salvais as aparências

no recato do lugar,

claudicais nas evidências,

que indo além do mero estar,

são, no ser, vitais essências.




Se a ventura ao rosto vem,

a desgraça não se esconde.

É por isso que ninguém

há-de achar um como ou onde

para ser um outro alguém.




Tudo em vós vos denuncia

no recato do lugar.

É inútil a porfia.

Nem a noite tem luar

nem o verso poesia.





José-Augusto de Carvalho
30 de Julho de 2006.
Viana*Évora*Portugal




Nota: Sob o título acima, publicarei os textos que, por lapso, não foram incluídos, em 2009, na colectânea «O meu cancioneiro».