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quarta-feira, 21 de novembro de 2018

06 -TUPHY VIVE! * A súplica


TUPHY VIVE! 

*

A súplica 




Vem a palavra súplice e molhada 

dizer-me entre soluços por que chora. 

E eu ouço, no silêncio, a madrugada: 

Quem vem falar contigo a esta hora? 



Sossego a madrugada desta insónia: 

alguém que se perdeu e busca auxílio 

num sonho de encantar de Babilónia 

que sofre no meu peito a dor do exílio. 



Alguém que vai morrer quando eu morrer, 

que quer comigo ser a mesma entrega… 

E, em paz, agora, tenta adormecer, 

já sinto prestes a manhã --- sossega! 




José-Augusto de Carvalho 
21 de Novembro de 2018. 
Alentejo * Portugal 



06 - TUPHY VIVE! * Ao sol-pôr



(Tuphy vive!) 


Ao sol-pôr 




Eu dei-me numa tarde de Novembro. 

Comigo só ficou o teu sorriso, 

agora que de ti apenas lembro 

o nada-tudo de que só preciso. 



Não mais o tempo em flor de Primavera! 

Não mais o verde-mar do teu olhar! 

Agora, sou, sozinho, a minha espera, 

outra espera de nós neste ficar. 



Germinou a semente e foi raiz. 

Surgiu-cresceu o caule e deu-se flor. 

Milagre de existir que assim nos quis 

do sol nascente até ao meu sol-pôr. 



O mais que houver será uma outra espera 

de um outro tempo, de outra primavera… 





José-Augusto de Carvalho 
21 de Novembro de 2018. 
Alentejo * Portugal

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

06 - TUPHY VIVE! * Esta Ponte!


TUPHY VIVE! 
Esta Ponte! 




Há uma ponte que liga 

as duas margens do abismo 

que foi cavado no tempo 

da severa intolerância. 



Há um abismo que quer 

separar-nos para sempre… 

Para sempre é muito tempo 

e nós nem fomos ouvidos 

por quem cavou este abismo 

para separar o corpos 

que estiveram sempre unidos. 



Há uma ponte que erguemos 

desde os tempos da discórdia 

dos impérios e das crenças 

para separar os corpos 

que sempre tanto se amaram. 



Há uma ponte de Vida 

que não será destruída 

enquanto a Vida for Vida. 



José-Augusto de Carvalho 
16 de Novembro de 2018 
Alentejo » Portugal

terça-feira, 15 de agosto de 2017

06 - TUPHY VIVE! * Nostalgia





A nostalgia que vem

cruzando este mar azul

traz-me o Cruzeiro do Sul

no sorriso do meu bem.



O sorriso que perdura

além da perda de nós

e me fala de ternura

como se tivesse voz.



Tanto céu e tanto mar

na ousadia definida

da urgência de navegar!



Fica a promessa cumprida

de em lágrimas te sonhar

enquanto a vida for vida!





Tuphy Mass
Al-Ândalus, 15 de Agosto de 2017.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

06 - TUPHY VIVE! * A miragem de Tuphy





Passa o tempo e a saudade floresce

no dulçor que ficou no meu peito.

Sobre mim, sinto a noite que desce

num abraço de sonho perfeito.



Tangem sons melodias de Orfeu

e de Eurídice escuto o cantar.

Quem soubera que fim nos perdeu?

Que princípio nos quer encontrar?



Acrobatas no céu, andorinhas

são girândolas de asas dançando.

Sob um véu só de estrelas caminhas,

mais que todas no céu lucilando.



Devagar, abro os braços e espero

outra vez ouvir: como te quero!





José-Augusto de Carvalho
Al-Ândalus, 19 de Setembro de 2016

domingo, 10 de abril de 2016

06 - TUPHY VIVE! * A certeza que te trouxe...






De Berseba a certeza que trouxe

do princípio do tudo que herdei!

Minha sede de mim mitiguei

no seu poço de pura água doce.



Por mais longe de ti que eu esteja,

sempre perto estarei do alvoroço

do milagre que foi o teu poço,

minha herança de ser, assim seja!



Toda a terra é sagrada e materna,

do deserto à planura, do vale

à montanha mais alta que houver!



Se por ti meu amor se prosterna,

que no fim da jornada me embale

teu regaço de mãe e mulher…




José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 9 de Abril de 2016.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

06 - TUPHY VIVE! * Hoje, eu sou de Bagdad!





Rio Tigre em Bagdad



Parou o Tempo na Mesopotâmia.

Que frias são as águas do Eufrates!

Se quero Amor e Paz, por que me bates,

idólatra das aras da infâmia?



O fumo negro enluta o berço antigo.

Quem quer abrir as Portas do Inferno?

Areias áureas onde me prosterno,

que Céu me dás agora por abrigo?



As iras e os festins dos vendilhões

irrompem numa orgia de ódio e sangue...

Do cálice de fel às legiões,

tudo sofreu meu corpo, há tanto exangue...



Do trágico madeiro ainda erguido

ao tempo que não mais será cumprido!...



José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 4 de Abril de 2003/ 12 de Agosto de 2004
In «Da humana condição», Março de 2008.

sexta-feira, 20 de março de 2015

06 - TUPHY VIVE! * Perturbação





Eu quero-te a mulher mais bela do deserto!

Nas dunas do teu peito erguer-me e ser crescente!

Amar-te no destino insano em que desperto

e matizar-te toda em chamas de Poente!



Saber-te num delírio estreme de Oriente,

cantando, na metralha, um hino tão liberto

que toda a nossa dor do coração se ausente

e a nossa paz de ser se imponha ao tempo incerto!



Eu quero-te mulher perfil dum horizonte

sem gritos de agonia e sem perversidade

negando à nossa sede o bálsamo da fonte!



Eu quero-te a certeza em sangue de verdade!

Eu quero que o luar, ungindo a tua fronte,

te faça renascer p’ra sempre Sherazade!



*

José-Augusto de Carvalho
16 de Julho de 2002.
Viana * Évora * Portugal

terça-feira, 15 de julho de 2014

06 - TUPHY VIVE! * Oração







Chegaste definida na surpresa. 
Na boca, a travessura dum sorriso. 
Suspenso da neblina da incerteza, 
olhei-te na miragem indeciso. 


Lavava a minha mágoa sem altar 
no pátio profanado p’la descrença. 
Na noite dos silêncios a pairar, 
o meu não-ser velava a treva densa. 


No teu olhar suave a claridade 
banhava de carinho a minha espera. 
No teu sorriso, alvura e mocidade 
florindo perfumada a primavera 


Na bênção de te ver acreditei 
e aos pés da vida em ti me ajoelhei




José-Augusto de Carvalho 
10 de Novembro de 2002 
Porto Alegre*Rio Grande do Sul*Brasil

06 - TUPHY VIVE! * Na solidão da vida...

Foto Internet, com a devida vénia



Aqui, na solidão da vida, me enterneço, 
cantando a tua ausência em versos de saudade. 
E quando a noite cai na noite que adormeço, 
me sonha e vela a luz da tua claridade. 

Lucila o setestrelo em mágico adereço 
e as curvas do teu corpo exalam ansiedade. 
No fogo em que crepito, em êxtase enlouqueço 
e vejo definida a nossa eternidade. 

Seremos nós mortais ou transe e paradigma 
de um sonho que se quer lendário e se projecta 
além do nada e pó que temos por limite? 

Efémero viver! Que deslumbrante enigma 
nasceu dentro de nós e freme asa inquieta 
clamando por um deus que nele habite? 



José-Augusto de Carvalho
Novembro de 2002
Porto Alegre
Rio Grande do Sul * Brasil

domingo, 20 de abril de 2014

06 - TUPHY VIVE! * Feitiço






Eu dei-te o céu azul da Pátria Transtagana
e o sonho alado num tapete de alfazema…
Vieste na ambrosia ardente dum poema,
na asas da maré subiste o nosso Odiana.

Pisaste o chão que foi de Mutamid outrora
e mitigaste a sede antiga que perdura
na fonte que ficou cantante de água pura,
casada com a dor de ferrugenta nora.

Trouxeste para mim carinhos de luar
e um albornoz tecido em milenar insónia.
Dos cálidos jardins da tua Babilónia,
vieste, perfumada e em flor, pra me encantar.

E neste encantamento, ausente já de mim,
mais um feitiço sou de um génio de Aladim.


José-Augusto de Carvalho
17 de Abril de 2014.
Viana*Évora*Portugal

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

06 - TUPHY VIVE! * O sonho de Tuphy




Na limpidez do céu, um infinito azul
envolve, no seu manto, a terra abandonada.

Assombros de passado acenam mais a sul…

Areias de ouro e sol de uma magia alada…




A voz de Sherazade enfeitiçando ainda

as noites de luar, em fios de alva renda…
Há cânticos de amor, num sonho que não finda…
Seu corpo, belo e nu, enleia a minha tenda…


A dádiva da vida em sôfregos carinhos
enlaça-me num todo anelos de pureza
e sinto crepitar o fogo em nossas veias…


As rotas do deserto, os múltiplos caminhos
que cruzo milenar em busca da riqueza
dos astros de outro céu que emerge das areias…



José-Augusto de Carvalho
Viana * Évora * Portugal

06 - TUPHY VIVE! * Para Sherazade




Foto Internet, com a devida vénia.


O grito que ressoa acorda o sonho antigo.
As crinas dos corcéis ondulam anelantes.
Nas dunas do deserto em fogo onde me abrigo,
Os teus apelos de alma e coração distantes.

No tempo e no lugar, as sedes de outras fontes.
Em ti, o lago pleno, ocaso de afluentes.
Depois de ti, não pode haver mais horizontes.
Que mais, além de ti, se tudo em ti consentes!...

Escondes, sob o véu, os lábios purpurinos.
Sedentos de áurea lava, em tragos de ambrosia.
Prometes, no teu ventre, anseios levantinos.

Gemidos de luar de cálida estesia!
Teu grito, no meu grito, o grito definido...
Aurora recusando o tempo interrompido!



José-Augusto de Carvalho
31 de Outubro de 2002.
Porto Alegre * Rio Grande do Sul*Brasil

06 - TUPHY VIVE! * Alquimia

Foto Internet, com a devida vénia.


Das cinzas do passado me levanta

quem sabe em mim o sonho e o paradigma.
Da minha terra, que é três vezes santa,
eu trouxe e nele sou instante enigma.

Eu fui e nele sou Al Andalus,
o nome que então demos às Espanhas.
Al Andalus de plainos e montanhas,
de um céu que o sol doura ardendo em luz.

Eu fui e nele sou a fantasia
d´As mil e uma noites, de Aladim,
de génios e poetas e magia.

Eu fui e nele sou; e ele é em mim.
Se dois, nós somos um, numa alquimia
que a lei revoga do princípio e fim.



José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 26 de Novembro de 2007.

06 - TUPHY VIVE! * A notícia

Foto Internet, com a devida vénia.

Minh’alma está ferida. A morte ronda perto.

Os homens firmam longe o curso de outros rios.
Nas horas da tragédia, erguida em calafrios,
a força noticia o mundo em tempo incerto.

Que sonhos de luar? Irrompem desvarios.
As portas do inferno assombram o deserto.
Os gumes dos punhais desfiam desafios…
Os homens já não são o Prometeu liberto.

No mundo, pereceu o sonho da criança.
Miragens de Aladim. As lendas da magia.
O tempo do sem tempo é a Mesopotâmia.

Os ídolos de antanho, em aras de matança,
exigem sangue, numa orgia de agonia…
Os homens já não são. Que carnaval de infâmia!



José-Augusto de Carvalho
29 de Novembro de 2009.
Viana do Alentejo * Évora * Portugal

06 - TUPHY VIVE! * Sob a neblina

Foto Internet, com a devida vénia.



A neblina desce


sobre as encruzilhadas do desassossego.

O musgo, que tirita nas investidas frias

das frias nortadas,

talvez saiba dos rastos ou doutros sinais.

No vento que assobia,

as mensagens cifradas

agitam o silêncio das ervas que medram

e resistem...


José-Augusto de Carvalho
10 de Fevereiro de 2011.
Viana*Évora*Portugal

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

06 - TUPHY VIVE! * Em lágrimas


Foto Internet, com  a devida vénia.



Não vou nem fico, pairo sobre as águas
Limosas da lagoa verde-escura…
Com lágrimas, eu lavo as minhas mágoas
Quando me dói de mais a desventura…

Morri quando na barca de Caronte
Partiste para o frio esquecimento.
Agora, qualquer dia que desponte
Não me dará nem luz e nem alento.

Se foi imperecível o sentido
Que deste ao lucilar do setestrelo
Foi porque imperecível te queria…

Caronte te levou. O sem sentido
Ficou imperecível pesadelo
Até que o fim sufoque esta agonia…



José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 5 de Agosto de 2011

06 - TUPHY VIVE! * Imobilidade


Foto Internet, com a devida vénia.



Os fastos e as misérias

assombram a falésia

com sonhos descarnados.


A branda maresia acaricia

o desencanto imóvel.


No tempo das desoras,

doendo a nostalgia

na angústia das palavras

à deriva.



José-Augusto de Carvalho
1 de Agosto de 2010.
Viana*Évora*Portugal

sábado, 21 de setembro de 2013

06 - Tuphy vive! * Feitiço

Foto Internet, com a devida vénia.



A paz pedi, trouxeram-me o confito.

No meu jardim, secaram já os cravos.

Restaram-me, na vida, os desagravos

que irrompem do feitiço em que acredito.



Feitiço dos Jardins da Babilónia,

suspensos do esplendor que determina

que eu seja, para além, da minha insónia,

o grito que se encontra em cada rima.



E quando, à luz serena do luar,

a noite se derriça, enamorada,

eu sinto, em meu sonhar, um madrigal...



E os versos com que teço o meu cantar

são fios de brancura imaculada

de um lustre enluarado de cristal.




José-Augusto de Carvalho
7 de Junho de 2011.
Viana*Évora*Portugal

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

06 - Tuphy vive! * A espera

Foto Internet, com a devida vénia.


Na leveza da pluma
a carícia da tarde

No murmúrio da brisa
o dulçor do segredo
a dizer-me que vens
no crepúsculo morno

E eu espero que venhas
na leveza da pluma



 José-Augusto de Carvalho
Al Andalus

20.01.2012