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segunda-feira, 18 de maio de 2020

17 - HARPEJOS * Paisagem



HARPEJOS~
.
.Paisagem




Do cimo de São Vicente

vejo o castelo de Beja,

quando um sol de estio ardente

ao inferno faz inveja.



Meus olhos mergulham fundo

na lonjura que me ganha.

Não há fronteiras no mundo!

Ninguém vive em terra estranha!



Nem pequenez, nem grandeza.

A dimensão verdadeira

que sopesa com firmeza

frágil mão duma ceifeira...




José-Augusto de Carvalho
8 de Março de 2006.
Viana*Évora*Portugal

quinta-feira, 23 de abril de 2020

17 - HARPEJOS * Memória




No passado dia 15 de Dezembro de 2019, em Lisboa, sob o acolhimento inexcedível da Associação Salgueiro Maia, ocorreu o lançamento do livro Harpejos.


Aqui ficam esta memória de Abril e a minha reiterada homenagem aos valorosos Capitães que sonharam e continuam a sonhar uma Pátria e um Povo na identidade e na dignidade dos superiores anseios da nossa humana condição.


José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 23 de Abril de 2020.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

17 - HARPEJOS * Cantares... (16)




Soletro, em cada verso, harpejos de inocência,

na pálida cadência

do vago anoitecer...

*

E vou, de verso em verso, ousando o meu poema,

silvestre, de alfazema,

num vago conceber...

*

Os ritmos são de acaso, arfando ou suspirando,

assim, sem onde ou quando,

num vago acontecer...

*

As rimas, sem matiz, são vãs sonoridades,

num manto de ansiedades

de vago entretecer...

*

Escrevo devagar. De dia ou a desoras.

Meu tempo tem por horas

um vago discorrer...

*

Na folha de papel, que branca me seduz,

revérberos de luz

num vago entontecer...

*

Meus olhos semicerro à luz que me encandeia.

No verso que tacteia

um vago debater...

*

No peito, o coração, aos poucos, esmorece

e o verso desfalece,

num vago adormecer...

*

O verso derradeiro, o verbo imperecível,

extingue-se, impossível,

num vago emudecer...

*



José-Augusto de Carvalho
Viana * Évora * Portugal

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

17 - HARPEJOS * Cantares-2




Eu canto porque estou vivo


e porque recuso ser

dócil agente passivo

no direito de viver... 




Canto as asas altaneiras 

que ganham longes e espaço 

e canto o fim das barreiras 

que não me travam o passo... 




Canto com amor a terra, 

onde sou e donde vim, 

e se morrer contra a guerra, 

só paz haverá em mim... 




Canto a palavra certeira, 

mesmo que doa ou que fira... 

Canto a vida verdadeira 

que não conhece a mentira... 




Canto a coragem suada 

de quem ganha o pão que come... 

E a semente germinada 

é um grito contra a fome... 




José-Augusto de Carvalho 
Viana*Évora*Portugal

terça-feira, 8 de outubro de 2013

17 - HARPEJOS * Cantares - I



Eu canto as horas amargas
das cargas e das descargas
das barcas de arrojo e pinho…
Eu canto os longes das rotas
abertas pelas gaivotas
com asas de níveo linho…


Eu canto as horas sombrias
de medos e de agonias
no mais além da tormenta…
Eu canto as horas de luto,
naufrágios, febre, escorbuto,
sabor de cravo e pimenta…


Eu canto no Cabo Não
o sim de passar ou não,
mas nunca o retroceder…
Eu canto os Cabos da Dor!
Gil Eanes — Bojador,
tormentas de estarrecer…


Eu canto as Áfricas virgens,
feridas desde as origens
de mágoas e predadores…
Eu canto as Índias da História,
cobiças, dramas e glória
de incenso e de roxas cores…


Eu canto os áureos Brasis,
a cana em negro matiz
de açúcar de acres sabores…
Eu canto a nesga europeia
do Poeta e da Epopeia
do Fado das nossas dores…



José-Augusto de Carvalho 
Viana * Évora * Portugal