domingo, 26 de abril de 2020

03 - LIVRO ESTA LIRA DE MIM!... * O elogio da Mãe



ESTA LIRA DE MIM!...

*
O elogio da Mãe






Que dia pode haver que te consagre, 

se há tanto os dias todos já são teus? 

Se todos nós, quer crentes, quer ateus, 

em ti reconhecemos o milagre? 



Teu ventre é o sacrário da promessa 

que sempre, imperecível, é cumprida, 

na vida que se dá de novo à vida, 

num hino de louvor que nunca cessa. 



O teu regaço terno embala o mundo, 

o mundo que te esquece e que se perde 

na horas em que mais de ti carece. 



Do céu azul ao pélago profundo, 

do luto preto à esperança verde, 

até ausente, és tu quem permanece. 




José Augusto de Carvalho 
Alentejo, 29 de Abril de 2011. 




quinta-feira, 23 de abril de 2020

25 - LIVRO TEMPO DE SORTILÉGIO * Asa ferida



LIVRO TEMPO DE SORTILÉGIO


.

Asa ferida







Os anos não passaram sobre ti.

És hoje e sempre assim eu te verei:

a rosa na roseira que entrevi,

olor e cor do sonho que sonhei.



Perfeita foi a Vida e eu me rendi. 

Ao fogo a consumir-me me entreguei. 

Nas cinzas onde ardido me perdi 

ainda abandonado me encontrei. 



Que importa agora o nada que ficou? 

Um dia só de sonho bastaria! 

Bendita sejas, asa que voou 

além do que sublima a fantasia! 






José-Augusto de Carvalho
Alentejo*Portugal

17 - HARPEJOS * Memória




No passado dia 15 de Dezembro de 2019, em Lisboa, sob o acolhimento inexcedível da Associação Salgueiro Maia, ocorreu o lançamento do livro Harpejos.


Aqui ficam esta memória de Abril e a minha reiterada homenagem aos valorosos Capitães que sonharam e continuam a sonhar uma Pátria e um Povo na identidade e na dignidade dos superiores anseios da nossa humana condição.


José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 23 de Abril de 2020.

sábado, 18 de abril de 2020

25 - LIVRO TEMPO DE SORTILÉGIO (HARPEJOS) ` Luísa Fernandes




Sessão de lançamento de Harpejos


Intervenção de Luísa Fernandes


A aventura de ficar / nesta terra espezinhada / ou o delírio de acordar / pelas três da madrugada” foi responsável por o José-Augusto e eu nos termos cruzado nos caminhos de cravos e de libertação que Abril rasgou.

A Revolução trouxe o sonho real de nos darmos as mãos e de sentirmos bater nos nossos peitos o coração de um País sedento de afirmação e de identidade.

Os heróis de Abril aqui saúdo com a mesma emoção com que saudei, nos meus vinte e seis anos a Revolução dos cravos.
O José-Augusto escreveu outros livros depois de arestas vivas, de 1980, livro do qual destaco o pequeno poema-registo da aurora libertadora com que iniciei esta minha intervenção.

Abril está em quase todos os seus livros. É natural. Tanto ele como eu nos reclamamos do Povo que somos, do Povo que muito amamos.

Quis o Destino que nos cruzássemos de novo e que o José-Augusto me pedisse para estar aqui presente e para  participar nesta sessão de lançamento do seu último livro --- Harpejos.

Harpejos é um livro de cantares de esperança e de mágoa que o militar de Abril Serafim Pinheiro prefaciou e que duas companheiras de jornada enriquecem com textos tocantes --- a Céu Pires e a Rosa Barros.

Do prefácio, permito-me destacar: “Passei momentos de exaltação, alegria, tristeza, fascínio e avistei cabos do desespero e sofrimento quando ouvi estes cantares de José-Augusto de Carvalho. Vivi. Aprendi. Assim, quero continuar companheiro deste poeta que a Poesia não abandonou e se afirma, por seu carácter, transtagano de coração e alma e português de verdade.”

Também Céu Pires escreve, na introdução: “Da harpa que os seus dedos tocam saem as notas a que já nos habituou: “O amor à terra, particularmente à sua (nossa) terra transtagana, o amor à vida, o amor à palavra, mas também a denúncia das barreiras, de todas as barreiras que impedem a realização da Humanidade em cada ser humano.”

E a finalizar, Rosa Barros, no posfácio, salienta: “ José-Augusto de Carvalho canta o duro solo, o calor da terra, a revolta do suor, a luta pelo pão de cada dia, a solidão do pensamento, a solidariedade pelo semelhante, a pertinência pela defesa de ideais.”

O livro aqui fica.

As minhas saudações.

Luísa Fernandes

Lisboa, 15 de Dezembro de 2019.