Sessão de lançamento de
Harpejos
Intervenção de Luísa Fernandes
“A aventura
de ficar / nesta terra espezinhada / ou o delírio de acordar / pelas três da
madrugada” foi responsável por o José-Augusto e eu nos termos cruzado nos
caminhos de cravos e de libertação que Abril rasgou.
A Revolução
trouxe o sonho real de nos darmos as mãos e de sentirmos bater nos nossos
peitos o coração de um País sedento de afirmação e de identidade.
Os heróis de
Abril aqui saúdo com a mesma emoção com que saudei, nos meus vinte e seis anos
a Revolução dos cravos.
O
José-Augusto escreveu outros livros depois de arestas vivas, de 1980, livro do
qual destaco o pequeno poema-registo da aurora libertadora com que iniciei esta
minha intervenção.
Abril está
em quase todos os seus livros. É natural. Tanto ele como eu nos reclamamos do
Povo que somos, do Povo que muito amamos.
Quis o
Destino que nos cruzássemos de novo e que o José-Augusto me pedisse para estar
aqui presente e para participar nesta sessão de lançamento do seu último
livro --- Harpejos.
Harpejos é
um livro de cantares de esperança e de mágoa que o militar de Abril Serafim
Pinheiro prefaciou e que duas companheiras de jornada enriquecem com textos
tocantes --- a Céu Pires e a Rosa Barros.
Do prefácio,
permito-me destacar: “Passei momentos de exaltação, alegria, tristeza, fascínio
e avistei cabos do desespero e sofrimento quando ouvi estes cantares de
José-Augusto de Carvalho. Vivi. Aprendi. Assim, quero continuar companheiro
deste poeta que a Poesia não abandonou e se afirma, por seu carácter,
transtagano de coração e alma e português de verdade.”
Também Céu
Pires escreve, na introdução: “Da harpa que os seus dedos tocam saem as notas a
que já nos habituou: “O amor à terra, particularmente à sua (nossa) terra
transtagana, o amor à vida, o amor à palavra, mas também a denúncia das
barreiras, de todas as barreiras que impedem a realização da Humanidade em cada
ser humano.”
E a
finalizar, Rosa Barros, no posfácio, salienta: “ José-Augusto de Carvalho canta
o duro solo, o calor da terra, a revolta do suor, a luta pelo pão de cada dia,
a solidão do pensamento, a solidariedade pelo semelhante, a pertinência pela
defesa de ideais.”
O livro aqui
fica.
As minhas
saudações.
Luísa
Fernandes
Lisboa, 15 de Dezembro de
2019.