quarta-feira, 29 de abril de 2015

27 + ÁLBUM DE RECORDAÇÕES * Fotos de Família


Duze à porta de casa.
Viana, verão de 2002.

27 - ÁLBUM DE RECORDAÇÕES * Fotos de Família


Eu, com 1 ano de idade, 
Viana, Julho de 1938

*
Eu, com 6 ou 7 anos de idade.
Viana, 1944.

27 - ÁLBUM DE RECORDAÇÕES * Fotos de Família

Viana * Eu e minha casa, esta de porta, janelas e algerozes verdes

27 - ÁLBUM DE RECORDAÇÕES * Fotos de Família


Duze Pereira de Carvalho 
(6/3/1935 - 8/1/2015)
Verão de 2002, Viana

27 - ÁLBUM DE RECORDAÇÕES * Fotos de Família


Duze * Verão, final do dia, em Viana.

27 - ÁLBUM DE RECORDAÇÕES * Fotos de Família


Núria e Duze * Inverno de 2013, em Viana.

27 - ÁLBUM DE RECORDAÇÕES * Fotos de Família


António Vasco da Costa Carvalho Massapina
15/5/1947 - 8/12/2012




sexta-feira, 17 de abril de 2015

11 - O MEU RIMANCEIRO * O petulante


(QUE VIVA O CORDEL!)








Do pouco que aprendeu à martelada,

tudo esqueceu. Ficou-lhe a petulância, 

que rega no jardim da ignorância

se está de folga a bênção da chuvada.



Persegue, em vão, as graças requintadas

do estilo polvilhado de elegância.

Vive a vulgaridade da jactância,

ornada, aqui e ali, de calinadas.



A pobre língua infausto fado tem!

É pontapé que ferve, coice em barda!

Quem salva do desterro esta refém?



Surpreso e já irado o povo aguarda

e clama: por aí há ou não quem

lhe ponha nos costados uma albarda?





José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 9 de Setembro de 1958.
Revisto em Alentejo, 17 de Abril de 2015.

02 - TEMPO DE SORTILÉGIO * Interrogação





Dize-me, petiz,

em segredo ouvido,

porque te sorris

assim divertido.




E que rouxinol

tens tu na garganta

que as noites encanta

e inunda de sol?




Que certeza mora

nos teus olhos puros

de luz madrugada?




Ou tu és a aurora

rasgando futuros

na noite fechada?







José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 29 de Maio de 1987.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

30 - ...E CONTIGO MORRI NESSE DIA * Impossibilidade






Que sol de primavera (mal) ateia

o alor já tão cansado da raiz?

Que intenta ainda em ti e se prediz

aurora (na miragem) que clareia?



Que veleidade intenta o desvario?

Que simulacro intenta de conforto?

Só por milagre o corpo quase morto

aceitaria ousado o desafio.



Um tempo exacto existe para tudo.

Não queira vir, falaz, o fingimento

cantar loas de fogo à algidez.



O tempo que morreu, inerte e mudo,

não luta contra o pó do esquecimento

e sabe que não há segunda vez.





José-Augusto de Carvalho
14 de Abril de 2015.
Viana * Évora * Portugal




30 - ...E CONTIGO MORRI NESSE DIA * Silêncio






Cansado, calo a lira, calo o canto.

O abraço do silêncio me resguarda.

Quando eu morrer, e a morte já me tarda,

não quero nem exéquias e nem pranto.



Apenas o silêncio que é devido

nas horas em que a vida desce ao nada.

Depois, ora, depois, virá o olvido,

que a vida continua a caminhada.



Cantar, há mais quem cante, neste mundo.

Mais um ou menos um, na cantoria,

que diferença faz a quem escuta?



Irei sondar o pélago profundo,

este fascínio a mar e maresia

que há séculos a minha pátria enluta.





José-Augusto de Carvalho
15 de Abril de 2015.
Viana*Évora*Portugal




sábado, 11 de abril de 2015

03 - ESTA LIRA DE MIM!... * A espera




Nesta espera,

um tempo que não passa

nem sequer desespera.

Que inacção

ameaça

a razão?



Que indiferença gera

a promessa traída?

Esta espera,

nos caminhos perdidos erguida,

desesperada espera...





José-Augusto de Carvalho
26 de Setembro de 2001.
Viana `Évora `Portugal

03 - ESTA LIRA DE MIM!... * O mergulho







Desperto do meu sonho,

mergulhei, sem apelo,

no frio pesadelo

onde hirto decomponho,

pedra a pedra, o caminho

que não se pôde erguer.

O milagre do vinho

é esta mágoa toda

negando a minha boda

de acontecer e ser?





José-Augusto de Carvalho
27 de Dezembro de 2001.
Viana * Évora * Portugal

02 - TEMPO DE SORTILÉGIO * A dúvida






Acontece viver...

Acontece...

Que havia antes de ser?

E que haverá após?

Esta dúvida que permanece

tão distante e tão dentro de nós!





José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 12 de Setembro de 2001.

30 - ...E CONTIGO EU MORRI NESSE DIA * Registo triste








Mil novecentos e noventa e nove,

vinte e quatro de Abril,

os tempos vesperais!

Num equilíbrio vago, o vão desfile

da massa que se move,

nada mais.



Nem medo nem receio,

só um desgosto frio

sobreveio.

E tu, banhada em pranto, no vazio.





José-Augusto de Carvalho
27 de Dezembro de 2001.
Viana * Évora * Portugal

quarta-feira, 8 de abril de 2015

21 - DO MAR E DE NÓS - II * A promessa jurada







Deste cais de partida diviso,

na distância, a promessa jurada.

Que ansiedade em minh'alma preciso

e me arrasta das trevas do nada?




Em redor, o abandono ferido...

Onde o sal, onde o iodo destas águas?

E a guitarra de cordas de mágoas

derramando insistente gemido!...




Venham medos, angústias, procelas!...

Venham céus de negrume, sem astros!...

Venha até o que nem imagino!...




Ai, se os ventos rasgarem as velas!...

Ai, se inúteis forem os mastros,

que se cumpra este mar --- meu destino!






José-Augusto de Carvalho
23 de Agosto de 2010.
Viana * Évora * Portugal

21 - DO MAR E DE NÓS - II * Fadário









Provei no meu baptismo o símbolo do sal.

Provei e não gostei, decerto, do amargor.

Provei, bebé ainda, o gosto a Portugal.

Provei, sem crer no Fado, o fel do seu sabor.




O Bem fugaz provei no leite maternal.

O duradouro Mal depois se soube impor.

E nem no tempo vão do breve Carmaval

eu vi de novo o Bem, num cântico de amor.




Meu ânimo de bravo ousou o Bojador.

Ao Cabo Não gritei: Arreda! O meu fanal

é mais além de ti e até do Adamastor!




Às Índias arribei! Além do chão natal,

sofri, morri, sonhei e amei com tanto ardor

que em todo o mundo existo ainda Portugal!








José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 9 de Outubro de 2010.

21 - DO MAR E DE NÓS - II * Odisseia








De mar em mar, as quilhas temerárias

vergaram medos, mitos e procelas.

E os novos mundos, ao sabor das velas,

ao sonho deram dimensões lendárias.




E cada nau rumava mais distante,

num transe de aventura e de miragem.

Em cada vela o símbolo e a mensagem

do verbo feito carne, agonizante...




Um povo que se erguia e transcendia,

cumprindo por missão e por vontade

o voto de rasgar da vista as vendas...



Chegou ao longe mais além que havia!

Nas pedras esculpiu a claridade:

padrões que deram vida a novas lendas!







José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 19 de Março de 1996.

21 - DO MAR E DE NÓS - II * Farol



Foto Internet, com a devida vénia.





Que trémulo farol inventa os medos?

Que dor doendo todos os degredos?




Os ídolos extáticos na lenda.

Cinzéis impondo formas aquilinas.

E a Vida, sempre em transe, só desvenda

a luz que mal espreita nas esquinas...




As portas da cidade estão guardadas.

Quem abre e quem revela o santo e a senha?

Muralhas que não dou por escaladas...

Ai, que renúncia assim de mim desdenha?




Que dor ou que torpor me dói e desce

até ao imo, envolto em desespero?

Oh, braço do temor prisioneiro,

no chão raizes ganha e livre cresce!






José-Augusto de Carvalho
11 de Março de 1997.
Viana * Évora * Portugal

21 - DO MAR E DE NÓS - II * O velho lenho






Do vento que enfunou as níveas velas

das velhas caravelas de Quinhentos

só resta o Fado triste das vielas 

vestido de saudades e lamentos.




Poetas loucos há, de Norte a Sul,

buscando no sabor da maresia,

com Sá-Carneiro, um pouco mais de azul

no céu da decadência amarga e fria.




Na minha voz ecoam outras vozes,

as vozes que eu herdei e que mantenho

perenes de manhãs de apoteoses.




Memória do que foi o velho lenho,

nas asas haverá dos albatrozes

ou viva no palor de algum desenho...





José-Augusto de Carvalho
13 de Janeiro de 2007.
Viana * Évora * Portugal

terça-feira, 7 de abril de 2015

26 - FRAGMENTOS * Interrogação





Será querer de mais o sol da Primavera

e, azul, a flor que herdou de Maio o nome – maio?




José-Augusto de Carvalho
7 de Abril de 2015.
Viana * Évora * Portugal

26 - FRAGMENTOS * Angústia




Partiram todos. Frios.

Que cais me coube em sorte,

que apenas tem partidas!




José-Augusto de Carvalho
7 de Abril de 2015.
Viana*Évora*Portugal

domingo, 5 de abril de 2015