sexta-feira, 23 de abril de 2021

06 - TUPHY VIVE! * Amargura

 


A pedrada certeira atordoa,

ainda hoje, a memória sofrida

do candor que existiu na lagoa

que foi vida na lenda esquecida.

 

Os concêntricos círculos vários

agitaram as águas tranquilas.

Que caminhos de fim, arbitrários,

foram dores na dor de supor admiti-las?

 

Era um dia sem luz nem cor primaveril, 

dia triste nos olhos chorados,

sob a sede de inútil cantil, 

já em cacos, p'la turba calcados.

 

 

Dia triste que triste trazia

a notícia nos olhos chorados,

mensageira que em fel se fundia

na mensagem dos tempos negados.

 

Era a chaga que ardia no peito 

e perversa matava o proscrito!

Era o peito morrendo desfeito

na agressão dum desígnio maldito.

 

E no lodo que emerge, delira,

em suspiros obscenos, a farsa…

Em suspiros que nem a mentira,

sem pudor nem decência, disfarça.


Tuphy Mass

A-A, Abril de 2021

domingo, 11 de abril de 2021

16 - NA ESTRADA DE DAMASCO * Oração

NA ESTRADA DE DAMASCO
Oração



Na farsa da serpente, repetida,
Senhor, caí, incauta, em tentação!
E quando, aflita, supliquei guarida,
a graça recebi na provação.

Em dor e sal, cumpri a penitência.
Saída da caverna, o dia claro
as sombras extinguiu sem complacência
e a luz foi graça e foi o meu amparo.


Perdida regressei e salva sigo
na tua estrada austera de exigência,
que é minha direcção e meu abrigo.



E na verdade pura da decência,
escrevo os versos dum cantar de amigo,
com o candor sublime da inocência.



José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 7 de Abril de 2021

sábado, 10 de abril de 2021

05 - IN MEMORIAM * Movimento

 MOVIMENTO

(A longa Marcha da Humanidade)

Para o SINAPSA, nesta data comemorativa, 

esta modesta lembrança do associado 



Desde o princípio a desbravar caminhos...

E sempre sobrevindo outros caminhos...


Do quanto recebi ao quanto dei

vai a distância, em défice, do insulto!

O templo do cifrão impõe o culto

e a força ardil e vil da sua lei!


A luta é desigual, mas não na essência...

E dói reconhecer nesta contenda

haver quer quem se alheie, quer se renda,

erguendo por destino a desistência!


Aqui, nesta trincheira, a dignidade!

As singularidades são plurais!

Se não hesitas, se não te retrais,

rejeita o culto e a lei da impunidade!


José-Augusto de Carvalho

Alentejo, 8 de Junho de 2001.


Este soneto inglês não foi publicado pela estrutura do SINAPSA por absoluta falta de espaço. O autor recebeu esta piedosa informação|justificação telefonicamente. No âmbito literário, foi a primeira e derradeira experiência do autor com o SINAPSA. Aqui fica esta memória,