Já nasci na prisão.
Fiz do medo
um brinquedo
que trazia
na palma da mão.
Fui menino enjeitado.
Fui soldado.
Fui adulto
explorado.
Fui vexado.
Vi o medo tolher
quantos homens sem medo!
Vi
crianças comer
um bocado já duro de pão.
E vi mães em segredo
a
beijarem o pão que caíra no chão!
Vi tudo o que era feio!
E, ao fim de
tanto anos,
um amargo receio
de não ver
os tiranos
finalmente e de
vez expulsos do poder...
Um receio doído,
como a fome sem pão,
como um
homem traído
pela vil delação
ou como uma esperança
que a tirania
insulta
nas mãos duma criança
condenada a nascer já
adulta...
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 7 de Setembro de
1996.
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