segunda-feira, 30 de setembro de 2013

04 - PÁTRIA TRANSTAGANA * Na memória da Vida



(Foto Internet com a devida vénia)




Da lonjura dos tempos provenho.
Que caminhos de hostis tremedais!
Na memória da vida, retenho
só angústias doendo de mais.

Eram levas e levas, na noite
que negava a manhã por haver…
Era o silvo assassino do açoite
encharcado de sangue a correr…

Era o medo a doer na renúncia.
Era a sombra disforme e difusa
deslizando no chão a denúncia
da manhã a sangrar na recusa.

Era o tudo nas garras do nada!
Era um nó na garganta sem voz!
Era a dor da manhã condenada!
Que fizeram do sonho e de nós?

Era o grito do alor clandestino!
Na miragem de Abril madrugada,
era o dia brincando menino
sobre os cravos vermelhos da estrada...

Quando os cravos murcharam no outono,
só as pétalas mortas no chão
e o menino a doer o abandono
que velava o seu morto pião...


José-Augusto de Carvalho
Viana*Évora?Portugal
25 de Julho de 2013

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