sábado, 7 de setembro de 2013

04 - PÁTRIA TRANSTAGANA * Santa terra a nossa!

Foto Internet, com a devida vénia

Hoje, não trago a flor vermelha na lapela
nem sonho o lucilar das cósmicas estrelas.
Eu, hoje, apenas quero o cheiro da panela,
as sopas e o prazer de tê-las e comê-las.

As sopas deste pão que migo e como, à ceia,
restauro do labor que tenho e é meu esteio.
E se o suor da faina é sal que me derreia,
fico feliz por não comer o pão alheio.

O pão de todos nós, o pão de cada um,
suado no sabor, honrado nos perfumes,
de giestas e alecrim – assim não há nenhum!

Ah, santa terra a nossa, estreme e sem fronteiras!
Quem quer erguer em ti um muro de queixumes?
Quem quer matar um chão lavado p'las canseiras?


José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 5 de Novembro de 2012.

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