quinta-feira, 19 de março de 2015

24 - CULTURA DOS AFECTOS * Paisagem






Lílian Maial / José-Augusto de Carvalho

***

Se, por um lado,

já pintei e bordei,

amei, cuidei, doei,

tomei, abusei, fiz sorrir;

hoje, nada mais sei de cores,

nada entendo de amor ou família.

Passo as horas como um tom pastel,

à espreita, na janela,

entrecortada,

entre cortinas,

como parte da mobília.


***/***

Quis sempre ser o lado

da cor e do perfume, 

amar e ser amado,

ser acha e ser calor do mesmo lume.

Eu, hoje, quero ser o mesmo de ontem.

Olhar e perceber.

Os outros não me cansem nem me apontem

caminhos que eu recuso percorrer.

Os tempos do meu tempo… o tempo ousado!

O tempo de lutar, sofrer, morrer

será sempre o meu lado.

***

Julho de 2002

Sem comentários:

Enviar um comentário

Procuro ser uma pessoa honesta. Não será bem-vindo a este espaço quem divergir desta minha postura.