quarta-feira, 25 de março de 2015

15 -CANTO REBELADO * A Praça do Desplante







A Praça do Desplante está vazia.

Apenas o cansaço do pregão

do velho cauteleiro que porfia

na venda da miragem da evasão.




Quem passa afasta a sorte com um gesto.

O gesto de quem diz não vale a pena.

E o velho aceita o não sem um protesto

ou um esgar de continência obscena.




E vai, por entre as sombras, à deriva,

oferecendo a sorte, no vazio

sonâmbulo da Praça do Desplante.




Mas ninguém quer a grande, a grande esquiva!

E as sombras, num instante corrupio,

aguardam que outro Dante as veja e cante...







José-Augusto de Carvalho
31 de Julho de 2008.
Viana * Évora * Portugal


                                 

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