quarta-feira, 18 de março de 2015

15 - CANTO REBELADO * Admoestação




Quem és tu que não conheço 

e me dizes conhecer-me?

Eu sou e aqui permaneço 

neste dever de dever-me.



Conheceste-me, talvez, 

no princípio da jornada,

quando o tempo da nudez

era sonho e madrugada.



Ou quando o tempo da usura

o verbo me retraía

e a treva da noite escura

os meus passos protegia.



Ou quando as banalidades 

se exibiram sem decoro,

numa feira de vaidades

de histeria e desaforo.



Eu sou, no alor que persiste,

só mais um que, nesta estrada,

não se cansa nem desiste

de cumprir a caminhada.



E tu? Serás o comparsa

que, mimético no agir,

em cada farsa disfarça

a tragédia de trair?





Viana*Évora*Portugal
8 de Janeiro de 2000.
José-Augusto de Carvalho

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