Caem noites nas sombras da insónia.
Solitárias, bocejam as ruas.
Erram bruxas infrenes e nuas,
em febril e fatal cerimónia.
Doem ermos os montes sombrios.
Uivam feras agouros danados.
Atrevidos, há répteis alados
inventando cruéis desafios.
Fixamente, o insondável medita.
O delírio das bruxas porfia.
É o mundo no fim, pressagia
a crendice... e o lapuz acredita.
E o poeta, a cabeça meneando,
rosna, incrédulo: oh, Povo, até quando?
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 8 de Dezembro de 2012.
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