domingo, 20 de dezembro de 2015

31 - NAS ÁGUAS DO NOSSO ODIANA * A gaivota





Os teus lábios de medronho

de fascínio e tentação

são de vida neste sonho

que mata o meu coração.



Que desgraçado conforto

morrer por ti sem te ter,

mas é maior desconforto

continuar a viver.



Nas águas do nosso Odiana

correm mistérios de nós,

desta condição humana

que sufoca a própria voz.



Nem os murmúrios sofridos

agitam as águas frias

nem o pulsar dos sentidos

dói mais nas marés vazias.



No rio manso que corre

para o mar que nos cumpriu

vai o desgosto que morre

e das margens ninguém viu!



Ninguém viu, ninguém chorou,

só no teu olhar tão triste

uma gaivota voou,

gaivota que só tu viste.





José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 20 de Dezembro de 2015.

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