segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

31 - NAS ÁGUAS DO NOSSO ODIANA * Embriaguez





Ai, amor, não digas não.

Não queiras quebrar o encanto

que levanto do meu chão

embriagado de espanto.



Dize-me apenas talvez.

Nessa angústia indefinida

darás à minha embriaguez

mais alguns dias de vida.



Ai, deixa o tempo voar

nas asas da embriaguez.

O cansaço há-de chegar

para matar-me de vez.



Eu irei reconfortado

no dulçor da embriaguez,

crendo que o sim esperado

daria fim ao talvez.





José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 21 de Dezembro de 2015.

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