sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

15 - CANTO REBELADO * Aqui!






Aqui, se rende ao mar a terra despojada.

Os sonhos de luar, bordados na fragrância

florida dos jardins da lenda perfumada,

sucumbem ao furor da ignara intolerância.



Do ledo murmurar das fontes, a memória

esvai-se devagar, num tempo de clausura.

Dos tempos de esplendor à mácula censória,

que triste condição ainda em nós perdura!



Que faço agora aqui com esta liberdade,

se em tudo o verbo ter supera o verbo ser?

Que sonho de evasão eu posso desta grade,

se a força do poder está no verbo ter?



Resisto e grito: não! E, ao sol deste dilema,

com sangue escrevo, letra a letra, este poema…







José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 15 de Outubro de 2006.

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