quarta-feira, 22 de junho de 2016

33 - NÓS POESIA * Tempo de espera / No tempo que espero




Tempo de espera


José-Augusto de Carvalho



Quando a lágrima vem e desliza

No meu rosto cavando o seu leito,

A saudade é de sal e de brisa

Nesta angústia a doer-me no peito.



Olho o barco do sonho desfeito

Que a memória ferida exorciza:

Que fantasma, a rasgar o meu peito,

Mais e mais a saudade enraíza.



Não há tempo de fel que me dome.

Neste tempo outro tempo se gera

P’ra que a vida o seu rumo retome.



Que este tempo de fel e de espera

Ganhe ao verde esperança o seu nome

E me torne outra vez primavera!



José-Augusto de Carvalho
12 de Setembro de 2011.
Viana * Évora * Portugal


***


No tempo que espero

Lizete Abrahão



Foi-se o tempo. Entre as fendas do muro

Correm lágrimas puras ao léu;

Do meu sonho acordei, mundo escuro,

Já morrera a manhã do meu céu...



A saudade cravou-se em meu peito

Como lenho na beira da cova;

Bebo o fel em que o vinho foi feito

E o amargo entre os dias me prova.



Quero um beijo com gosto de mar,

Uma flor-esperança, uma taça

E um poeta no cais a cantar...



Vou provar desse sal em teu rosto,

Dos olores beber e ser graça,

Para em verso sentir o teu gosto...




Lizete Abrahão
Porto Alegre/RS
12.09.2011 




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