quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

25 - LIVRO TEMPO DE SORTILÉGIO * A borboleta morta






O teu sorriso vem e minh’alma remoça.

Ai que outra primavera eu quero e em mim invento!

A tua boca vem e a minha boca adoça…

e eu quero a vida inteira só neste momento.



Quando te fores, vai, mas leva-me contigo

ou deixa-me morrer sem mágoa nem auxílio…

Que seja a tua boca o meu letal castigo,

nunca a saudade dela o fel do meu exílio.



Que a tua boca seja o meu último instante,

a última canção que escreva e que te cante

e o som da minha voz se evole no infinito.



Depois, ora depois, talvez algum poeta,

encontre numa flor a sedução inquieta

da borboleta morta aos pés de mais um mito.





José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 14 de Janeiro de 2016.

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