Rimance do imenso mar
Era imenso, imenso o mar
que se abria à nossa frente!
Gritava o vento: é urgente,
é urgente navegar!
Mães, esposas, prometidas,
em lágrimas e oração,
previam a perdição
nas águas desconhecidas.
E num balbucio aflito,
imploravam: não nos tente
este mar à nossa frente
com seu apelo maldito!
E que se cale este vento
de lamentos de sereias
vestindo as nossas areias
de luto e de sofrimento!
Mas o mar, o imenso mar
que se abria à nossa frente
escutava indiferente
tanto medo e tanto orar.
Filho da terra, o arvoredo,
cortado e bem trabalhado,
era agora um novo arado
sulcando as águas do medo.
Como um berço, sobre as águas
baloiçava docemente…
E não via à sua frente
um mar de medos e mágoas.
Quando içou as brancas velas,
sentiu o afago do vento
e sonhou nesse momento
o sonho das caravelas.
Um sonho ainda menino,
mas tão grande como o Mundo!
E o sonho não foi ao fundo…
O sonho era o seu destino!
Mais tarde, quando outra gente
baniu o sonho menino,
ergueu este desatino
que agoniza decadente…
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 9 de Dezembro de 2017.
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