sexta-feira, 28 de outubro de 2016

25 - LIVRO TEMPO DE SORTILÉGIO * Soneto para Florbela Espanca





A mim me basta o frio que arrefeço.

E os dedos hirtos ficam caramelo!

Não temo nem contesto o meu regresso.

De pó, de cinza e nada não apelo.



Serei também um golpe do suão,

incêndio no vazio em movimento

gritando além de mim à solidão 

a nossa ardente condição de vento.



Iremos ver as sombras dos montados

e as limpas das espigas em promessa

mescladas de papoilas a sangrar…



Iremos às amoras nos valados

e que ninguém das hortas nos impeça

de nos amarmos ébrios de luar!...




José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 29 de Outubro de 2016.

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