terça-feira, 24 de novembro de 2015

30 - ...E CONTIGO EU MORRI NESSE DIA * Tu





Não sei que existe em ti que me embriaga
e o tempo não corrói nem adultera...
Talvez a eternidade de uma fraga,
perfume de perene primavera...

Os anos passam sobre nós correndo,
até que chegue a barca de Caronte...
e és sempre mais um longe que desvendo,
mantendo-te infindável horizonte!

Querida, não sagrada, te contemplo
por teres de mulher a dimensaõ
que não te podem dar exíguo templo
e incensos, ritos, preces, devoção.

Tu és grande de mais, mulher e viva,
p’ra seres de qualquer altar cativa!




José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 1966

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