sexta-feira, 2 de outubro de 2015

15 - CANTO REBELADO * Ao Paço!







Sineiro deste burgo sem burgueses,

que esperas, que não tocas a rebate?

Talvez o bronze acorde alguns malteses

que uma salada sirvam de tomate.


Que temes tu, sineiro, que vacilas

nas horas em que mais é proibido

o vacilar, nas horas intranquilas,

em que a nós todos tudo é exigido?


Apressa-te, sineiro! O sino é nosso!

Ou vais ou outro vai em teu lugar

chamar as gentes todas ao terreiro!


Ainda que já velho, até eu posso

correr ao campanário p’ra puxar

a corda e sufocar mais um andeiro!




José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 1 de Outubro de 2015.

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