ESTA LIRA DE MIM!...
*
A visita
Naquele dia, a morte abriu os braços.
Chegou sem violência e sem andor.
No rosto, macerado de cansaços,
a palidez das rugas já sem cor.
Vestia um fato velho de amargor.
Os pés descalços lhe calando os passos.
A noite, abandonada de torpor,
escureceu os tempos e os espaços.
Sentou-se, de mansinho, aos pés da cama.
Circunvagou o olhar ausente e triste.
Inúteis, os remédios sobre a mesa.
No fim, ausente a farsa, ausente o drama,
apenas, nas certezas do que existe,
deveras, a nossa única certeza...
*
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 23 de Outubro de 2004.
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