Eu pouco, muito pouco, um quase nada eu sei,
mas quando o Livro li, no espanto me enredei:
foi a revelação,
foi a revelação que perene persiste.
Os pais de todos nós, por Deus e por acção.
Nomes são pormenor, na fé acreditei:
o Paraíso existe!
E vi o par eleito,
no seu amor perfeito,
sonhar e ser feliz nas áleas do Jardim.
Eu vi e me sonhei querendo para mim
uma ventura assim.
Perplexo, vi depois o fruto proibido
baloiçando pendente,
num derriço atrevido;
e perto, muito perto, a pérfida serpente
armando a tentação,
astuta e paciente,
nas malhas da traição.
Na verdade que foi e verdade perdura,
Eva cedeu à trama urdida livremente
e lá foi ser maçã suculenta e madura
nos dentes da serpente...
Uma angústia mortal sufocou-me a garganta.
Que amor perfeito pôde haver desde o início?
Que mácula? Que ardil? Que embuste ou malefício
se impôs e contra Deus impune se levanta?
Aqui, eu desisti de ler o Livro antigo.
Verdade ou lenda, agora, que interessa?
O pântano instalou-se e trouxe por promessa
o embuste na serpente e o sonho por castigo.
José.Augusto de Carvalho
Alentejo, 11 de Agosto de 2020.
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