terça-feira, 19 de julho de 2016

30 -...E CONTIGO EU MORRI NESSE DIA * A dádiva de ti





Quando te deste,

trazias a pureza da manhã orvalhada de sangue

e o espanto da descoberta nos teus olhos verdes de mar.



Um sabor silvestre de medronho sorria nos teus lábios

e eu sôfrego bebi até me embriagar.



Meus olhos mergulhei nos teus olhos verdes de mar

e adormeci no pélago profundo.

Quando voltei à tona,

os teus olhos verdes de mar sorriam para mim a dádiva de ti.



Recebeste o meu último olhar

recebeste o meu primeiro olhar

foi assim enquanto a vida quis



No dia em que partiste,

não me deixaste o teu último olhar verde de mar.



Quando quis despedir-me de ti,

teus olhos verdes de mar já não poderiam ver-me nunca mais.

Tu já estavas longe, muito longe,

muito longe de mim, para sempre.





José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 19 de Julho de 2016


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