terça-feira, 15 de julho de 2014

15 - CANTO REBELADO * Aqui

Sagres, Portugal * Foto Internet, com a devida vénia


Aqui, se rende ao mar a terra despojada.

Os sonhos de luar bordados na fragrância

florida dos jardins da lenda perfumada

sucumbem ao furor da ignara intolerância.



Do ledo murmurar das fontes a memória

esvai-se devagar num tempo de clausura.

Dos tempos de esplendor à mácula censória,

que triste condição ainda em nós perdura!



Que faço agora aqui com esta liberdade

se em tudo o verbo ter supera o verbo ser?

Que sonho de evasão eu posso desta grade

se a força do poder está no verbo ter?



Resisto e grito não! E ao sol deste dilema,

com sangue escrevo, letra a letra, este poema...





José-Augusto de Carvalho
15 de Outubro de 2006.
Viana * Évora * Portugal

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