segunda-feira, 1 de agosto de 2016

03 - ESTA LIRA DE MIM!... * Génese


Tanto quanto sei, vem de muito longe o hábito de associar os versos também à ternura. Os versos abaixo foram escritos a pedido de um colega de profissão já então aposentado. Disse-me ter um pedido para me fazer e que eu não poderia recusar. Olhei-o surpreso e esperei: aí ele adiantou, tenho um netinha e muito lhe agradeço que escreva uns versos para ela. Não poderia recusar e escrevi-os. É uma memória linda que tenho deste avô que considerou uma grande prenda para a sua netinha uns versos escritos por mim. Aqui fica a partilha. Obrigado.



(Do baú do esquecimento)

Génese






Quando nasce uma criança,

o longe fica mais perto

e um caminho de esperança

rasga as dunas do deserto.



Um vagido acorda a Vida

do seu letargo profundo

e uma terra prometida

é do tamanho do mundo.



Quando uma criança chora,

seus olhos são duas fontes

e a sede que nos devora

naufraga em vales e montes.



Um sorriso terno e puro

é no tempo, é no espaço

a dívida de futuro

da força do nosso abraço.



Na criança que se gera,

há a promessa enlevada

de um sonho de primavera

ser a vida transformada.



Soprem ventos de mudança

e o Mundo seja um regaço

onde um sonho de criança

seja Tempo, seja Espaço.





José-Augusto de Carvalho
Lisboa, Outubro de 1986.

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