terça-feira, 23 de junho de 2015

30 - ...E CONTIGO EU MORRI NESSE DIA * Os nossos deuses






Ah, meu amor, os deuses que inventámos

longe moram.

Ficámos sós nas horas da carência,

nas horas em que só um deus teria

poder para valer-nos.



Ah, que indigência triste, meu amor!

Foi quando mais pediste

que nada recebeste!

E tão pouco pedias!

E nesse instante frio de invernia,

tão fria como a pedra do altar

em que tu crias,

ficaste fria, para sempre fria.



Ah, meu amor,

talvez tenham morrido antes de nós

os deuses que inventámos!



Ah, meu amor, talvez sejamos nós

os deuses que quisemos

e não pudemos!





José-Augusto de Carvalho
Alentejo,19.6.2015

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