Vivi os tempos de memória dolorosa,
sofrendo o medo aquartelado a cada esquina.
As rubras pétalas, agónicas, da rosa,
espezinhadas e sangrentas, em ruínas.
Vivi os tempos do não-ser dos humilhados.
Silente treva de ofendidos... Solidão
de grades frias e de estátuas... Modelados
perfis de culpa não formada e de irrisão.
Vivi os tempos blasfemados da luxúria,
do verbo azul crucificando a luz e os astros
num ávido êxtase de escombros e de fúria,
cantando e rindo os vendavais hostis dos castros.
Vivi os tempos dos fantasmas sem medida!
Vivi as forças das marés vivas da Vida!
José-Augusto de Carvalho
Julho de 2002
Viana * Évora * Portugal
Sem comentários:
Enviar um comentário
Procuro ser uma pessoa honesta. Não será bem-vindo a este espaço quem divergir desta minha postura.