Sonho
e tudo se transforma.
Se disponho
as coisas como são,
vejo a vulgaridade da norma,
sem imaginação.
Sonho
e tudo se transforma.
Quando as coisas sem nexo disponho,
ganha forma
o novo que desponta,
vejo que tudo muda,
que tudo é novo e afronta.
E o Velho do Restelo
esquece o pesadelo
quando o ser se desnuda.
Sonho
o grito rubro das alvoradas
e vejo desfraldadas
bandeiras de medronho,
transparentes, de tule,
cantando em gargalhadas
uma manhã azul.
Sonho e sei-me perplexo
porque o sem nexo tem
exactamente o nexo
que do caduco vem.
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 2 de Dezembro de 1987.
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