Sonetos da entrega
Lílian Maial * José-Augusto de Carvalho
*
Ainda vejo o teu olhar de arder mil mares,
o mesmo olhar que me queimou do teu amor.
Enquanto a música soava pelos ares,
era o teu beijo que esquentava o meu calor.
*
Ainda vês, amor, e sempre me verás
ardendo no luar das noites que são nossas.
A brisa, num rumor, insiste, ardente, e traz
o mesmo encanto de alma haurido em que te adoças
*
Ainda sinto a tua pele em minha face
e o teu sussurro a me dizer tudo o que eu quis.
Por mais que eu tente, não consigo algum disfarce,
só em teus braços eu consigo ser feliz
*
Macia, a tua pele é fogo que me aquece.
Aquece sem doer, num sacrifício de ara.
E tudo em derredor em êxtase acontece!
E o nosso entontecer deslumbra a gente ignara…
*
Se essa paixão que me consome não tem fim,
seria tola se não lesse nos teus olhos
o sobressalto que o teu peito me sorri.
*
O fogo a crepitar em chama nos consome.
Eu tenho-te num sonho idílico, em delírio,
e em nós é saciada a angústia desta fome!
*
Porém, mais tolo só tu mesmo, ai de mim,
tu que relutas em deixar-me um mar de abrolhos,
sem perceberes meu destino junto a ti
*
Meu sangue igual ao teu, alentejano ou sírio,
é sangue de Ismael! Quem há que o gele ou dome?
Que nos separa, amor? Que impõe este martírio?
*
*
(Parceria de sonetos publicada em 12 de Julho de 2002
num espaço sediado no Brasil.)
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