Delírio quando penso em ti e te contemplo!
Do teu sorriso lindo abrindo-se em ternura…
Vertigem que enlouquece e longe me tortura…
Mulher-menina e luz do meu profano templo.
Delírio quando a brisa amena acaricia
as rugas do meu rosto exausto de cansaço…
E sinto nessa brisa o trémulo compasso
do teu-meu coração em branda melodia!
Deliro quando escuto o som da tua voz
cantando no meu peito um hino de saudade,
trazendo-me de longe um tempo sem idade
que recusou morrer no mar com meus avós!
Deliro quando sinto o cheiro a maresia!
Regresso às velhas naus dos tempos de Cabral!
E parto, peregrino! Adeus, meu Portugal!
Em busca de mim mesmo eu vou nesta ousadia!
Deliro e quero, assim, perder-me no delírio!
A nossa vida teve a perda por destino!
A perda deste chão… porque outro descortino!
Se for martírio, oh pátria, é só mais um delírio!...
José-Augusto de Carvalho
Maio (ou Junho) de 2002.
Viana*Évora*Portugal
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