sexta-feira, 20 de março de 2015

02 - TEMPO DE SORTILÉGIO * Delírio



Delírio quando penso em ti e te contemplo!

Do teu sorriso lindo abrindo-se em ternura…

Vertigem que enlouquece e longe me tortura…

Mulher-menina e luz do meu profano templo.



Delírio quando a brisa amena acaricia

as rugas do meu rosto exausto de cansaço…

E sinto nessa brisa o trémulo compasso

do teu-meu coração em branda melodia!



Deliro quando escuto o som da tua voz

cantando no meu peito um hino de saudade,

trazendo-me de longe um tempo sem idade

que recusou morrer no mar com meus avós!



Deliro quando sinto o cheiro a maresia!

Regresso às velhas naus dos tempos de Cabral!

E parto, peregrino! Adeus, meu Portugal!

Em busca de mim mesmo eu vou nesta ousadia!



Deliro e quero, assim, perder-me no delírio!

A nossa vida teve a perda por destino!

A perda deste chão… porque outro descortino!

Se for martírio, oh pátria, é só mais um delírio!...





José-Augusto de Carvalho
Maio (ou Junho) de 2002.
Viana*Évora*Portugal

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