Provei no meu baptismo o símbolo do sal.
Provei e não gostei, decerto, do amargor.
Provei, bebé ainda, o gosto a Portugal.
Provei, sem crer no Fado, o fel do seu sabor.
O Bem fugaz provei no leite maternal.
O duradouro Mal depois se soube impor.
E nem no tempo vão do breve Carmaval
eu vi de novo o Bem, num cântico de amor.
Meu ânimo de bravo ousou o Bojador.
Ao Cabo Não gritei: Arreda! O meu fanal
é mais além de ti e até do Adamastor!
Às Índias arribei! Além do chão natal,
sofri, morri, sonhei e amei com tanto ardor
que em todo o mundo existo ainda Portugal!
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 9 de Outubro de 2010.
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