Eu nunca tive escola.
Aluno nunca fui, mas tive muitos mestres, diversos no saber…
Com eles aprendi o pouco que devia, o pouco por bastante.
O muito recusei --- e tanto prometia!...
E eu que não tenho medo senão de me esquecer
Não poderia aceitar negar-me
E ser mais um pagador de promessas…
Eu quero ver a luz do sol e a tremulina!
Sentir o corpo quente e a vista encandeada…
A fome em que morri e de que renasci,
Matá-la nos trigais
Ao lado dos pardais
Que pousam atrevidos nos espantalhos que não receiam mais.
Eu quero ver a luz que logo pela manhã quer tudo incendiar
E disputar ao sol a sede duma gota puríssima de orvalho.
Eu nunca tive escola,
Aluno nunca fui, mas tive muitos mestres…
E a mestre não cheguei porque só quis saber o pouco por bastante
E porque não quis aprender o que quero esquecer.
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 1996/14 de Dezembro de 2015.
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