Na esteira de Brecht...
Naqueles tempos incertos,
vieram as grandes fomes,
agudizando a paixão
de séculos de calvário.
As notícias que chegavam
traziam de longe o sangue
e os escombros amassados
de dor, metralha e desgraça.
Para cá dos Pirenéus,
a mordaça dos tiranos
impunha o silêncio e a paz
de grades e cemitérios.
A cobiça dos senhores
alardeava as vitórias
de assassinos e verdugos
de um império de mil anos.
E o medo gerava o medo…
E os passos da delação
silenciavam as bocas
uivantes dos deserdados.
Daqueles tempos incertos
há ainda os estertores…
Quem não viveu esses tempos
mantenha-se em guarda e evite
perversas ressurreições.
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 2 de Setembro de 1996.
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