quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

10 - CANTO REVELADO * Da vida e da morte





O pouco que me coube nas partilhas,
um quase nada, foi o desafio
de descobrir-me em nem sei quantas trillhas.

Em todas vi o verde da esperança
nos braços ternos do estival rocio
que sempre p’la tardinha ensaia a dança.

Em todas vi o medo do negrume
das horas invernais de desvario
descarregar borrascas e azedume.

Em todas vi caducas as folhagens
deixarem o arvoredo à chuva e ao frio
buscando o chão das trágicas romagens.

Em todas vi, viçosos, os perfis,
em remoçados hinos de elogio,
de enleios e paixões primaveris.

Mas em nenhuma vi a negação
de Abel morrendo às mãos do seu irmão.



José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 20 de Janeiro de 2016.

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