O pouco que me coube nas partilhas,
um quase nada, foi o desafio
de descobrir-me em nem sei quantas trillhas.
Em todas vi o verde da esperança
nos braços ternos do estival rocio
que sempre p’la tardinha ensaia a dança.
Em todas vi o medo do negrume
das horas invernais de desvario
descarregar borrascas e azedume.
Em todas vi caducas as folhagens
deixarem o arvoredo à chuva e ao frio
buscando o chão das trágicas romagens.
Em todas vi, viçosos, os perfis,
em remoçados hinos de elogio,
de enleios e paixões primaveris.
Mas em nenhuma vi a negação
de Abel morrendo às mãos do seu irmão.
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 20 de Janeiro de 2016.
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