Os dias acontecem devagar,
ao ritmo do relógio que inventámos.
Em Maio vem o tempo de ceifar
o trigo que em Novembro não semeámos.
O ciclo natural do nosso pão,
alheio à míngua em dor da nossa mesa.
Ah, pátria minha, tanta provação
e tantos horizontes de incerteza!
Um rictus quase obsceno e vil enruga
a massa levedada que nos fita.
No velho cais, em lágrimas, a fuga
acena a rendição desta desdita...
Que dias estes que não reconheço!
Serão não-dias --- dias do avesso?...
José-Augusto de Carvalho
5 de Janeiro de 2012.
Viana * Évora * Portugal
Sem comentários:
Enviar um comentário
Procuro ser uma pessoa honesta. Não será bem-vindo a este espaço quem divergir desta minha postura.