Nocturno
Quem sepulta os tesouros perdidos
da nossa identidade?
Ouço os gritos, na noite evadidos,
quando a luz do luar,
mortinha de saudade,
vem beijar
os jardins da cidade.
Ouço as fontes chorando
o silêncio que tudo calou.
Não há lágrimas nem níveas flores
na saudade de nós que ficou
recordando,
num rosário de dores,
quanto o fim sepultou.
Só o pó, que se evola nos ares,
diz que não, que é mentira este fim!
Que os cantares
perfumados de lírios
e alecrim
vão doendo os martírios
que nos querem sem voz,
sem a voz
a gemer que está dentro de nós.
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 18 de Abril de 2016.
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