Eu vou amar-te assim, perdido na lonjura,
ficando à tua espera,
sabendo que não vens, num sonho de loucura,
dar vida à minha derradeira primavera…
Serei o camponês vergado à condição
de sempre olhar o céu e nunca ter a graça
de ver-te projectada em luz sobre a desgraça
de não poder colher-te em astro do meu chão.
Que assombro de poeta em mim só faz alarde
de anseios de ilusão, sem asas de infinito?
O verbo feito carne, em transe, angústia e mito,
o tempo me negou. P’ra mim é sempre tarde!
E deslumbrado, aqui, eu sonho a minha estrela!
E sofro por não ter podido merecê-la.
José-Augusto de Carvalho
16 de Março de 2002.
Viana*Évora*Portugal
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