A PORFIA
Foto Internet, com a devida vénia
Maquinalmente, vens, cumprindo calendário.
Não trazes, estelar, o brilho promissor
daquela antemanhã que abria o relicário
de um ledo madrugar de espanto e de rubor.
E nem nos trazes hoje o fogo a crepitar,
em ritos de carmim, do sonho a florescer
nas áleas do jardim que ousámos inventar
em horas de aflição e morte a acontecer.
Apenas vens nos ver, assim desfigurado,
cinzento na nudez do desamparo triste,
mas vivo a resistir o sonho que em ti mora.
E nós dizendo não a este bailar mandado,
seremos sempre em ti o sonho que persiste
até que sejas, vivo, o nosso outroragora!
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 24 de Abril de 2017.
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