Naquela noite, uivava a ventania.
Nas vagas alterosas, arrepios.
À capa, a barca nova resistia
aos trágicos apelos dos baixios.
Na antiga sedução da perdição,
chegava a melopeia das sereias.
A barca nova, toda coração,
sente vertigens a correr nas veias.
O povo, mal desperto, acorre ao cais
e olha o negrume frio dos baixios.
Só entre dentes grita “nunca mais!”
e sente até à alma os arrepios…
Na frustração de nós persiste ainda
o sonho que ficou da barca linda!
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 24 de Novembro de 2016.
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