Os meus dias lindos
Há dias lindos, quando esqueço tudo e sou
apenas um olhar morrendo na lonjura.
E sinto-me o pintor que em êxtase fixou
os impossíveis tons da cósmica tontura.
E neles não sou eu nem outro alguém qualquer.
Apenas uma fresta aberta na muralha
sedenta a mendigar o pouco que puder
da pura luz que o céu por sobre a Terra espalha.
E quando o transe finda e a vida me fustiga,
eu sinto-me suspenso e baloiçando ao vento
até me diluir mortinho de fadiga.
Bendito o meu olhar que assim de mim se afasta!
Que simbolismo traz o meu encantamento
de me ausentar de mim, de me gritar já basta?
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 23 de Junho de 2016.
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