O Cante Alentejano * Escultura de Fernando Fonseca
Bem alto, ainda gritam as tonturas
no sol ardendo Outonos…
Pesados e ébrios, os tonéis.
São Martinho lambendo os lábios,
na longínqua delícia do mosto,
caminha claudicando a sede
que grita: vinho novo! Vinho novo!
Na venda, o vinho novo
provoca a cantoria:
«Rosa branca desmaiada
onde deixaste o cheiro…»
As vozes ganham a polifonia
de um rito secular
de comunhão profana.
E eu fico ouvindo a rosa desmaiada
até sentir o chão
florindo primaveras.
E uma doçura imensa me enternece
o coração contrito.
Tartamudeio só um obrigado
à Vida e vou andando
por estas ruas tristes e desertas…
*
José-Augusto de Carvalho
20 de Janeiro de 2015.
Viana*Évora*Portugal
Sempre a tua bela Poesia, meu amigo!
ResponderEliminarMuitos abraços
Jorge Vicente