I
Sem antes nem depois, aqui estou.
Os ontens são um tempo já cumprido.
Os amanhãs, o tempo prometido
que ainda não chegou.
É hoje o tempo meu, o meu momento,
que para o bem e para o mal enfrento.
Não se recusa o tempo nem se adia.
No meu momento, sou
o tempo que chegou
e aqui me desafia.
É hoje o tempo meu, o meu momento,
que para o bem e para o mal enfrento.
Passivo ou actuante,
aqui me (in)determino.
Aqui, serei ou não de mim bastante.
No meu momento sou e me defino.
É hoje o tempo meu, o meu momento,
que para o bem e para o mal enfrento.
A pé e sem bagagem,
assumo esta viagem,
enquanto o tempo der…
Um dia, o torvelinho da voragem,
sequer no pó que houver,
o rasto fixará desta passagem.
II
No palco, nova cena, um outro personagem
virá representar,
talvez trazendo o sonho na bagagem
da sua caminhada eternizar…
José-Augusto de Carvalho
31 de Julho de 2014.
Viana*Évora*Portugal
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