quinta-feira, 2 de março de 2017

11 - O MEU RIMANCEIRO * O vazio



(QUE VIVA O CORDEL!)






Se eu soubesse escrever um poema,

um poema de amor e louvor,

cantaria a beleza suprema

deste sol ao nascer e ao sol-pôr.



Cantaria o vermelho da aurora,

que de enleios o céu ruboriza,

e o sangrar do sol-pôr que precisa

o negrume que já não demora.



Cantaria depois as estrelas

que pontilham o longe infinito

neste sonho infantil de colhê-lhas

na pureza sagrada de um rito.



Cantaria noite alta o luar

num absurdo e falaz fingimento

de esperar que virias sarar

as feridas do meu sofrimento.



Mas eu sei que não vens nunca mais.

Se foi Deus que te trouxe e levou,

de que servem agora os sinais

no vazio de nós que restou?





José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 2 de Março de 2017.

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