terça-feira, 28 de março de 2017

11 - O MEU RIMANCEIRO * O sobreiro



(QUE VIVA O CORDEL!)





Não cedo porque não quero.

Vem do berço, e assim mantenho,

este princípio severo

de te dizer ao que venho.



Sou assim como o sobreiro

destas terras transtaganas:

por mais que sejas matreiro,

o meu tronco não abanas.



Sou produto deste chão,

as intempéries aguento:

do frio ao vento suão

e aos vorazes que sustento.



Sem cobrar nada a ninguém,

minha cortiça ofereço,

embora eu saiba haver quem

sempre a vende por bom preço.



E mesmo depois de morto,

serei fogo nas lareiras:

darei calor e conforto

durante noites inteiras.



Tudo dá a Natureza,

em fraterna comunhão:

se te falta o pão na mesa,

quem comeu o teu quinhão?





José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 28 de Março de 2017.

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