sábado, 18 de março de 2017

11 - O MEU RIMANCEIRO * Advertência



QUE VIVA O CORDEL! 







Quem és tu que não conheço 

e me dizes conhecer-me? 

Eu sou e aqui permaneço 

neste dever de dever-me. 



Conheceste-me, talvez, 

no princípio da jornada, 

quando o tempo da nudez 

era sonho e madrugada. 



Ou quando o tempo da usura 

o verbo me retraía 

e a treva da noite escura 

os meus passos protegia. 



Ou quando as banalidades 

se exibiram sem decoro, 

numa feira de vaidades 

de histeria e desaforo. 



Eu sou, no alor que persiste, 

só mais um que, nesta estrada, 

não se cansa nem desiste 

de cumprir a caminhada. 



E tu? Serás o comparsa 

que, mimético no agir, 

em cada farsa disfarça 

a tragédia de trair? 






Viana*Évora*Portugal 
8 de Janeiro de 2000. 
José-Augusto de Carvalho

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