sexta-feira, 25 de novembro de 2016

11 - O MEU RIMANCEIRO * A nova banda


(QUE VIVA O CORDEL!)






Não são meus estes caminhos

nem é meu este arvoredo

onde as aves fazem ninhos

e me cantam em segredo

hinos de amor e verdade

com asas de liberdade.




Estas terras não são minhas,

só são minhas as canseiras

de sol a sol nestas vinhas

onde colho nas videiras

promessas de olor e mosto

no calor do mês de Agosto.




Não são meus estes trigais

nem as papoilas sangrando.

São meus apenas meus ais

deste infortúnio em que eu ando

de um amanhã esperando

que virá mas não sei quando.




Só é meu este cansaço

que é noite quando adormeço.

Nem à força do meu braço,

sendo minha, faço o preço.

Este mundo é uma banda:

toca o que o regente manda!




Ouço falar de direitos,

de justeza ouço falar.

Serão caminhos estreitos

onde eu não posso passar,

porque o mundo é uma banda:

toca o que o regente manda.




Talvez de regente eu mude,

não me serve o que ele manda.

Só um tolo é que se ilude

rodando neste ciranda.

Se tanto eu já soube e pude,

vou criar a minha banda.





José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 25 de Novembro de 2016.

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