O feriado civil decorre da decisão de inscrever na memória colectiva um acontecimento relevante.
Há feriados locais, regionais e nacionais. Mais
feriados regionais haverá quando o Poder Político decidir a criação de Regiões Autónomas
em todo o território. Parece não convencer os iluminados pilotos da
Caravela da Pátria a experiência autonómica dos Arquipélagos da Madeira e dos
Açores. Por que será?
O feriado é, por definição, um dia que reverencia a
memória colectiva. É verdade que quase sempre ninguém se apercebe
dessa reverência. O feriado fica-se indolentemente por um dia de descanso, logo
ferindo o motivo ou motivos por que foi determinado.
Quando o Poder (seja Central, seja Regional, seja Local)
ignora a reverência a um feriado, está a esvaziá-lo de significado. E daí a
considerá-lo inútil e a anulá-lo vai um passo. Um passo que já começou a ser
dado.
Os iluminados pilotos da Caravela da Pátria já
consideraram irrelevante a reverência ao 5 de Outubro e ao 1º. de Dezembro.
Quais se seguirão?
É possível que uma grande maioria da população encare com
indiferença a extinção destes feriados. Evidentemente que essa indiferença
decorrerá do desconhecimento, mas como verberar esse desconhecimento se o
próprio Poder (Central, Regional, Local) é o primeiro a fingir que não sabe que
a memória colectiva de um Povo é intrínseca à sua condição de Povo. Um Povo que
não reverencia a sua História, não sabe donde vem, não sabe o que é e porque é
e dificilmente saberá determinar o caminho do futuro.
Estes iluminados pilotos da Caravela da Pátria
não servem. Estão a destruir a essência de um povo --- da sua história ao seu
idioma, do seu carácter à sua afirmação. É urgente que pilotos experimentados
tomem nas suas mãos a roda do leme da Caravela da Pátria. O naufrágio
adivinha-se. E, se não agirmos, será um povo todo a integrar a História
Trágico-Marítima que Bernardo Gomes de Brito nos ofereceu e nos enluta ainda
hoje. O lamento de Camões, lapidarmente fixado como apagada e vil
tristeza, não pode transformar-se em condenação.
Até sempre!
José-Augusto de Carvalho.
Viana*Évora*Portugal
26 de Julho de 2013.
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